Foto: Divulgação
Cheguei aqui há dois anos, a convite do Paulinho Gambier que
já estava no Kuwait há alguns meses e
decidi que esse era um desafio que valia a pena.O trabalho consistia em treinar
os goleiros e preparar fisicamente um time em que a maioria dos jogadores nunca
tinha jogado profissionalmente. Tive que aprender, antes de qualquer coisa, a
cultura desses jogadores e entender que os hábitos deles eram nada parecidos
com os hábitos de um atleta brasileiro. Eles comiam mal, muitos estavam acima
do peso, dormiam tarde e acordavam mais tarde ainda. Pior de tudo era tentar
ajudá-los sem conseguir me comunicar com fluência, pois quando cheguei não
falava inglês e muito menos árabe. Mas vamos aprendendo e aos poucos fui
conseguindo me comunicar e mudando os hábitos desses atletas. Com a evolução
dos treinos e os ensinamentos obtidos dentro da quadra, esses jogadores que não
ganhavam dinheiro para jogar, que precisavam trabalhar durante o dia e treinar
à noite, começaram a agir como profissionais, cumprindo horários e fazendo o
trabalho físico com vontade e determinação.
Foi um grande desafio trabalhar com a preparação física de
jogadores que nunca tinham feito esse tipo de trabalho antes, mas desafio
grande mesmo foi o treinamento dos goleiros. Esses goleiros nunca tinham
participado de categoria de base com treinamento específico. Precisei adaptar
os trabalhos para iniciantes, mas lembrando sempre que eles faziam parte de uma
equipe de alto nível. Com os treinos, esses atletas evoluíram e hoje já podem
treinar com maior intensidade, mas tenho sempre que respeitar as dificuldades e
limitações de cada um. Os treinos da equipe acontecem sempre no período
noturno, mas os jogadores brasileiros profissionais que fazem parte do time
treinam dois períodos.
Quando cheguei aqui a Liga Nacional Kuwaitina já estava em
andamento. Nosso trabalho fez o time que tinha ficado em último lugar na Liga
passada, terminar em sexto. No ano seguinte, quando fizemos todo o trabalho de
treinamentos, incluindo a pré-temporada, conseguimos o título.
Fomos campeões também do maior torneio de futsal do mundo, o
Al Rodan. Nossos jogadores brasileiros foram fundamentais para essas
conquistas, já que eles não só jogaram com raça, mas também serviram como
exemplo de determinação e profissionalismo para os jogadores kuwaitianos.
Esse ano a Liga começa em dezembro e será disputada por
treze equipes. Sete dessas equipes contam com treinadores e jogadores
profissionais estrangeiros, vindos de vários países, incluindo Brasil,
Portugal, Espanha e Irã.
Com apenas três anos
de futsal o país já conseguiu participar da Copa do Mundo de Futsal da FIFA que
aconteceu na Tailândia e isso é um reflexo do trabalho dos treinadores e
jogadores profissionais que estão aqui ajudando a evolução do futsal no país.
Escrito por Diego de Oliveira Blasius em 30.11.2012
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